segunda-feira, março 31, 2008
Aos que lá ficaram...
“É preciso estar sempre ébrio. É tudo: eis a única questão. Para não sentir o terrível fardo do Tempo que vos quebra as costas e vos inclina para a terra, tendes de embriagar-vos sem tréguas.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha. Mas embriagai-vos! E se porventura, nas escadas do palácio, na relva verde de uma vala, na solidão morna do vosso quarto, despertardes, a embriaguez já fraca ou desaparecida, pedi ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que se esvai, a tudo o que geme, a tudo o que passa, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio responder-vos-ão:
“ Está na hora de se embriagarem! Para que não se tornem escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos; Embriagai-vos incessantemente! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha!”
Charles Baudelaire